Muitos de nós gostamos de ter reservas, nunca se sabe quando precisaremos daquela sacola plástica, então providenciamos um “puxa saco” – recipiente próprio para armazenar sacolas de supermercado. Nunca se sabe quando vamos ter vontade de reler aquela revista, então lotamos o revisteiro com números antigos. Nunca sabemos quando teremos tempo para ler o jornal, então vamos acumulando os montes num canto do quarto. E aquela calça então? Vai que a moda volta!!!! Outros casos mais raros, é a junção de clipes, convites de casamento, ou de aniversário, etiquetas de roupas…..Opa! Agora já é exagero!
Essa é a grande questão, quando perceber que o acumulo de objetos que não utilizamos chegou ao exagero?
Uma coisa é certa: o próprio acumulador não se dá conta. Quem se dá conta são os familiares e amigos que sentem que a casa está mais abarrotada do que precisaria. Em casos extremos há pessoas que mal podem andar pelos corredores de sua casa, que tem vergonha de receber pessoas e nunca mais recebem alguém em sua casa. Em outros casos, até o box do banheiro é tomado por objetos, impedindo até mesmo o ato de tomar banho. Esta pessoa acaba também por não sair de casa, mas aí o quadro já está grave demais.
Isto é um quadro de ansiedade extrema chamado TOC – Transtorno obsessivo compulsivo. Aquela coleção que era bonitinha no inicio se torna um acumulo de objetos sem sentido. Ou aquela mania excêntrica de guardar “raridades” como as unhas que foram cortadas, os fios de cabelo que caíram também são sinais de grande sofrimento psicológico.
Esta pessoa sofre internamente, como não conseguiu uma saída acaba se lançando em comportamentos repetitivos de acumulo com a sensação de que será “provida”. Ou então, pelo próprio ritual de acreditar que precisa guardar as coisas e este pensamento causa sofrimento. Mas o que ela precisa não são destes objetos, mas de acolhimento psicológico – o que ela ainda não sabe.
As dores emocionais que levaram esta pessoa a este estado podem ser de muitas origens. Separações, frustrações, perdas, falta de contato humano verdadeiro são os mais comuns. Os pensamentos que se tem sobre estas situações geram rituais, que por sua vez, geram sofrimento.
Estes casos devem ser observados pela família, pois a própria pessoa não percebe, e muitas vezes até pensa que esta melhorando, mas não está. Este acumulo de objetos desnecessários a faz doente fisicamente, pois a sujeira se acumula e aumenta cada vez mais o sofrimento emocional. Ela tenta ampliar os acúmulos – pois no inicio o acumulo ofereceu certo alivio, mas agora não dá mais a mesma sensação. Agora é só angustia e dor. Mas ela tenta repetir o que deu certo uma vez, sem resultado.
Amigos e familiares devem levar esta pessoa a um psicólogo imediatamente. A dor é tão intensa que dificulta que o próprio acumulador a expresse. Um psicólogo o ajudará no caminho para lidar com esta situação.