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Atualmente encontra-se em estudo uma terceira categoria comum de Transtorno Alimentar; o Transtorno do Comer Compulsivo (“binge-eating disorder”), na qual os pacientes apresentam episódios de voracidade fágica (episódios bulímicos) mas sem se utilizarem de métodos purgativos depois, como acontece na Bulimia Nervosa. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.

A maioria das pessoas portadoras dessa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade (3 para 2). Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo. Pode-se afirmar que, nem todas as pessoas obesas possuem esse transtorno, mas que 99% das pessoas que possuem esse transtorno são obesas.

Acrescenta-se ainda, que este transtorno difere da Bulimia, devido as crises purgativas da Bulimia, visto que no último, é muito comum os ataques de binge eating (comer compulsivo).

Alguns dos sintomas são:

Episódios de ingestão exagerada de alimentos, muito além do que seria adequado para a situação (claro que numa festa infantil é comum o exagero alimentar);
Comer mesmo sem ter fome;
Dietas frequentes;
Flutuação do peso;
Humor deprimido;
Comer em segredo por sentimento de vergonha e culpa;
Obesidade.

As complicações médicas estão relacionadas diretamente com o aumento da ingesta calórica e suas repercussões. As principais são:

Obesidade;
Infarto;
Pressão alta;
Aumento do colesterol;
Diabete;
Complicações cardíacas;
Problemas osteomusculares e articulares.

As causas desse transtorno são desconhecidas. Em torno de 50% das pessoas têm uma história de depressão. Muitas pessoas relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos negativos podem desencadear os episódios de comilança. Embora não esteja definido o papel das dietas nesses quadros, sabe-se que, em muitos casos, os regimes excessivamente restritivos podem piorar o transtorno, assim como em outros transtornos, tais como a Bulimia e a Anorexia.

O transtorno do comer compulsivo desenvolve-se a partir da interação de diversos fatores predisponentes biológicos, familiares, socioculturais e individuais. O tratamento exige uma abordagem multidisciplinar que inclui um psiquiatra, um endocrinologista, uma nutricionista e um psicólogo. O objetivo do tratamento é o controle dos episódios de comer compulsivo através de técnicas cognitivo-comportamentais e de um acompanhamento nutricional para restabelecer um hábito alimentar mais saudável. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.

É difícil, nestes casos, o paciente perceber que tem um problema, ele sempre alega que ele é “GORDO”, e que pra isso tem que fazer uma dieta. Acrescenta ainda “Quando eu quiser eu começo a dieta”. Com este pensamento, ignora-se a gravidade do problema, seu caráter compulsivo que requer um tratamento adequado. Nestes casos, a obesidade é apenas a ponta do iceberg, pois o problema está no nível do comer compulsivo.

 


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