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Quanto mais conectados, mais desconectados

O uso do celular está cada vez mais comum, para não dizer que suga as pessoas. Estas andam apressadas com os olhos no aparelho, para não perder a última mensagem, o último vídeo, mas naquela de “Depois eu respondo”. Nunca se recebeu tanta informação ao mesmo tempo, e nunca se absorveu tão pouco. Nunca se viveu tão pouco, pois o “colega” tem que estar junto, para uma foto, para mostrar algo, para anotar, para lembrar, para pedir para lembrar, a cada minuto lá está ele, para mandar uma informação, ou para mandar algo que “não pode esperar”. E aí mora o risco. As pessoas não sabem mais esperar. Ficam intolerantes, irritadas. E isso para os dois lados.
Há aquele que se sente na obrigação de responder, por na maioria das vezes não ter tempo, e não querer deixar as pessoas aguardando seu retorno. Este se irrita por não aceitar e não entender o motivo de as pessoas sugarem e exigirem tanto! Por outro lado, tem os que não sabem esperar uma resposta. Reclamam se a resposta demora, e até mesmo enviam respostas indelicadas.
Há os que não gostam do aparelho e são julgados, há os que querem utilizar apenas para uso pessoal. E há os que se perdem. É difícil exigir do outro, que pense exatamente igual.
A verdade é que é desumana a rapidez com que as informações chegam. Não se tem essa rapidez, e o pior, não se absorve muita coisa, pelo contrário, pessoas cada vez mais irritadas, esquecidas e sem saber quase nada. Grupos e mais grupos de whats em que se recebem avalanches de vídeos e correntes, que não se consegue ver, ou ler. E a desculpa é que facilita a vida. Desculpem-me, mas não vejo facilidade em nada disso. Pelo contrário, as pessoas estão cada vez mais atrapalhadas, esquecem coisas importantes, perdem mensagens, recebem-nas e na hora de lembrar já não lembram e atordoam quem enviou, perguntando novamente. Por sua vez, quem enviou, compreensivelmente se irrita por mandar duas vezes aquilo que já foi enviado, perder tempo….ou seja, onde está a praticidade? Onde está a qualidade disso? Realmente lê-se o que se recebe? Interpreta-se aquilo que se recebe? E realmente essa rapidez é saudável?
Com isso, transtornos psicológicos se desenvolvem, ansiedade, depressão, isolamento. As pessoas não sabem mais esperar, estão intolerantes, não se respeitam, invadem o espaço do outro, desconectam-se dia a dia, minuto a minuto. Onde vamos parar?
Antigamente as pessoas conversavam, não tinham celulares, esperavam para conversar pessoalmente, ligavam nos aniversários, e hoje? Vem uma mensagem pronta, figuras bonitinhas, mas onde está o contato? O olho no olho? Antigamente as pessoas sabiam esperar pelo horário de ligar, esperavam para chegar o filme na locadora, esperavam para revelar fotos, e davam conta de tudo. Hoje, tem-se essa “facilidade”, mas cada vez damos menos conta das coisas, sabemos menos e esperamos menos. Vivemos agitados, estressados, com o celular na mão na ânsia de não perder nada, sem saber que perde-se a essência, perde-se qualidade e o excesso de conexão, desconecta-nos de nós mesmos.
É preciso acompanhar as mudanças sim, mas com limites, respeito ao tempo do outro! Há quem queira usar o celular apenas para a vida pessoal, outros só para o trabalho. A desconexão é necessária para estarmos conectados à percepção do outro, e para que possamos respeitar o outro em sua opinião.
Camilla Volpato Broering


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