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Não é novidade que muitos adultos continuam sendo protegidos pelos pais, permanecendo dependente deles, sem conseguirem tomar decisões ou iniciativas.

Em uma entrevista com uma reitora de uma Universidade de Stanford, a mesma falou ser muito comum estudantes de 20 e poucos anos comparecerem à sua sala acompanhados de pai e mãe. E quando lhes era perguntado algo, olhavam para os pais em busca de resposta.

Bem disse Augusto Cury ao afirmar que bons pais preparam para o sucesso, enquanto os pais brilhantes preparam para o fracasso. O que esperar desses jovens que com mais de 2o anos ainda se amedrontam debaixo da “saia” de pais e mães, não lutando e reivindicando sozinhos por seus ideais.

Vamos intitular de adultos-crianças, os quais não foram preparados para lidar com situações difíceis, pois sempre tinham pai e mãe amparando-os. Deste modo, não aprenderam a lidar com decepções e contratempos. Não é errado pedir ajuda ou opinião, desde que antes se reflita sobre a questão, e não, num primeiro impasse já correr para pedir socorro. Isso reflete o comportamento dos pais, que não orientam adequadamente seus filhos a lutarem, a batalharem e a tolerarem as frustrações.

Neste sentido, fala-se em três tipos de pecado dos pais: o superdirecionamento, a superproteção, e a superajuda. O superdirecionamento indica aqueles pais que definem o que os filhos devem estudar, como devem brincar, ou que atividades devem praticar e em que nível, que faculdades valem a pena e que carreiras devem seguir. Os superprotetores são aqueles que acham que tudo pode machucar os filhos, e por isso preferem que eles estejam sempre sob seu campo de visão. Tomam sempre o partido das crianças contra quem quer que seja, seja um professor ou o juiz do futebol. E todo esforço do seu filho é considerado perfeito. E o tipo superajuda são aqueles pais que ajudam seus filhos em tudo, acompanham seus filhos em todas as atividades, no esporte ou na escola, e agem como seu concierge, até quando já são quase adultos. Exemplos de mãe que ligam todos os dias para os filhos para lembrarem que têm prova ou que precisam acordar.

Os pais precisam entender que algum dia vão ter que sair desse papel, e que o objetivo é criar aquela criança para que ela mesmo possa se cuidar. Isto implica em fazer currículo sozinho, procurar emprego sozinho, fazer uma entrevista sozinho e por aí vai. Isso não é falta de amor, e sim, uma percepção de que amor excessivo não significa cuidado excessivo. O objetivo é dar oportunidades para que desenvolvam sua independência e aceitar que não é cruel pedir para que seus filhos auxiliem nos afazeres domésticos, por exemplo.

É preciso deixar que as crianças vivam para que virem adultas. Não podemos segurá-las em nossos braços a vida inteira, cobri-las com plástico-bolha e mandá-las para o mundo inteiramente protegidas de tudo. Temos de fortalecer seu caráter, sua determinação, seu senso de que “posso me machucar, mas estou bem“. Pode soar cruel, mas é bom que as crianças se machuquem na infância, e não falo apenas no sentido físico, porque é o único modo de se tornarem resistentes e capazes de lidar com as questões quando crescerem. É um equilíbrio sensível. Não há um manual que descreva cada passo. Mas é preciso que os filhos se tornem resistentes, preparados também para as coisas mais difíceis que estão por vir.

Na dúvida procure um profissional para auxiliá-lo. Seu filho precisa de limites, precisa ouvir não, precisa responder por seus atos. Isso é amor, isso é cuidado, isso amadurece!

 

Fonte: Revista Veja, 5/08/2015


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