Cada vez mais pessoas abandonam carreiras promissoras, vidas sólidas e estáveis para viajar.
Enquanto a famigerada geração Y não para de correr atrás para atingir o sucesso, estuda nas melhores escolas, aprende várias línguas e acredita que a felicidade acompanha um bom trabalho, jornada intensa de trabalho, e férias 10 dias por ano, antenados no celular para não perder nada. A geração que larga tudo para viajar, rompe com este padrão, e larga mão da ideia de que para ser feliz é necessário ter casa própria e carro na garagem.
Me perguntaram estes dias se os chamados “jovens de hoje” são mais propensos a largar tudo. Isto depende dos valores e criação de cada um, porém, não há certo ou errado. Muitos desenvolveram ao longo de sua história, crenças tais como: “Preciso ter um emprego fixo”, “Tenho que trabalhar arduamente”, “Só estarei tranquilo se tiver um bom salário”. Muitos aprendem estes pensamentos com seus pais, que devido à preocupação com seus filhos, acreditam que o melhor é ter a estabilidade tão falada. Para muitos, este é o ideal, aceitam e são felizes assim.
No entanto, hoje muitos pais querem se separar daquela visão de pais altamente conservadores, e passam a ouvir mais os filhos, a deixá-los livres para fazer suas escolhas. Vale ressaltar que isso nem sempre é bom, pois durante muito tempo as escolhas para seus filhos devem ser feitas pelos pais, são eles que sabem o que é melhor e necessário. Pode-se ouvi-los, mas a decisão cabe aos pais.
Talvez essa geração que ficou mais livre tenha se permitido correr mais riscos, a largar tudo, a recomeçar várias vezes. Vários podem ser os motivos que levam a essas escolhas: frustrações, cansaços e estresses da vida diária, relacionamentos desfeitos, e muitas vezes até fuga de algo que não faz mais sentido. Viajar sempre é uma boa experiência, conhece-se pessoas, lugares, culturas e oportunidades de recomeço também aparecem.
É certo que hoje com a esticada do tempo de vida, as pessoas terão de trabalhar mais anos para pagar as contas e acumular o suficiente para se aposentar. Entrar no mercado de trabalho aos 20 anos, implica em várias décadas de marasmo, e seria chato demais permanecer no mesmo lugar ou área décadas a fio. Muitos profissionais com cerca de 50 anos não estão preparados mentalmente para perceber que não conseguirão se aposentar tão cedo, e ficam felizes por ainda poder se organizar em outra realidade, seja ela, nova profissão, viagens, recomeços e novas oportunidades e experiências.
Esta reflexão serve para observar que em múltiplas decisões que são tomadas ao longo da vida, as pessoas se conhecem melhor, se aproximam de suas habilidades e daquilo que lhes dá prazer. A vida é feita de pequenas e grandes escolhas. O que hoje não é possível, amanhã pode o ser, o que antes não se tinha coragem, passa-se a ter, e não é a toa que adultos com cerca de 50 anos ainda possam estar se reinventando, se descobrindo, e se reiniciando. Seja para largar um bom emprego e passar um tempo muito maior do que as férias viajando, seja para trocar de emprego, seja para abrir um novo negócio, afinal, com o longo tempo de trabalho que se tem pela frente, para aqueles que costumam se entediar com as mesmices, decisões precisam ser tomadas.
Por outro lado, também não há nada de errado em gostar de ter uma vida estável e sempre no mesmo lugar. Cada um avalia sua vida e faz suas escolhas de acordo com aquilo que lhe mobiliza e lhe traz motivação e coragem.