O Sol Brilha Para Todos tem uma proposta de fazer perceber que as coisas têm diversas maneiras de serem vistas, ou seja, dá a todas as pessoas a oportunidade de fazer suas reflexões. Não elege alguém melhor ou pior para tal, porque isso não existe. Também acredita-se que não existe conhecimento melhor ou pior, conhecimentos não se excluem e sim se complementam. Pensando nisso, o livro foi baseado em duas abordagens, das duas autoras: a Cognitivo Comportamental e a Colaborativa Dialógica.
As práticas da Colaborativas e Dialógicas se baseiam na ideia de que cada pessoa é a maior especialista em si. Isso porque as pessoas são diferentes umas das outras e viveram experiências diferentes. Ao mesmo tempo, o relacionamento entre as pessoas é fundamental para o bem-estar humano ao se pensar que o conhecimento, a moralidade e as emoções residem nos relacionamentos. Precisa-se viver em comunidade e para que isso aconteça de forma saudável o ingrediente mais importante é o respeito: respeito por si, pelo que se é e suas vontades; e respeito por quem se relaciona, o que são, seus gostos e vontades.
É baseada no respeito, também, que a Terapia Colaborativa Dialógica acontece. Para isso, o terapeuta assume uma postura de aprendiz diante da vida do cliente, abrindo mão de alguns conhecimentos prévios para visualizar a forma como os clientes constroem o mundo, vislumbrar suas experiências e deixar que eles tragam suas construções individuais e reais, ou seja, conhecer o que os clientes irão trazer como possibilidades de mudanças. Dessa forma, o terapeuta é considerado especialista na condução do processo terapêutico e faz isso através das perguntas conversacionais que são elaboradas a partir de sua curiosidade genuína sobre o conteúdo que lhe está sendo oferecido. Enquanto é o cliente o maior especialista sobre sua vida e assim juntos, terapeuta e cliente têm a possibilidade de construir conhecimentos através do diálogo, o que resulta em uma transformação mútua. Sendo assim, as práticas clínicas e conversacionais da Terapia Colaborativa Dialógica são norteadas pelo respeito mútuo, humildade, curiosidade genuína e simetria.
Em se tratando de Psicoterapia Cognitivo Comportamental tem-se que pensamentos influenciam os comportamentos, pensamentos podem ser alterados e monitorados e o comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança de pensamento. Deste modo o que a pessoa pensa influencia na sua maneira de ver e lidar com o que está ao seu redor. O livro retrata a questão do respeito ao próximo, de entender que cada pessoa tem seu jeito de pensar, ser e agir, e que as diferenças não devem ser vistas como negativas, e sim, como oportunidades para se conhecer diversas maneiras de ser, respeitá-las e quiçá, até alterar nossos pensamentos.
Portanto, mudanças nos pensamentos, sentimentos e comportamentos são vistas como ocorrendo primariamente na medida em que se é capaz de experimentar novas formas de ser e comportar-se em situações da vida real e não simplesmente em sessões de Psicoterapia. A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental deve ser adaptada a cada pessoa, individualmente, por meio do empirismo e da descoberta guiada. O empirismo colaborativo refere-se à abordagem baseada em dados. As crenças do paciente são vistas como hipóteses a serem testadas, em que os pensamentos são avaliados por meio de um processo empírico no qual o paciente e o terapeuta atuam como “detetives”, examinando várias pistas e possibilidades. O processo de descoberta guiada tem por objetivo questionar os pensamentos automáticos e crenças do paciente. Em vez de coagir o paciente a pensar o que está pensando, o terapeuta emprega a descoberta guiada para encorajá-lo a criar explicações mais adaptativas e funcionais. A descoberta guiada requer muita paciência e habilidade por parte do terapeuta, permitindo que se construam novas avaliações para si mesmos. A descoberta guiada e o empirismo colaborativo estimulam uma atmosfera de curiosidade compartilhada, a qual permite que formas diferentes de pensar sejam aceitas e respeitadas.