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A imaginação, as fantasias, jogos e brincadeiras predominam na vida das crianças, e são essenciais para seu desenvolvimento cognitivo. É a partir dessas fantasias e jogos que as crianças podem e vão se relacionando com a realidade e se apropriando dessa realidade. Nesse sentido, as crianças são expostas constantemente as evidências de que Papai Noel e outros personagens fantasiosos não existem, eles aprendem implicitamente que alguns fatos não podem ser verdadeiros, pois elementos da fantasia entram em contradição com a realidade.

Desse modo é que surgem perguntas sobre “como ele entrega presentes no mundo inteiro em uma só noite?”, pois elas aprendem que o mundo é muito grande e que tem muitas pessoas, o que “dificultaria” essa visita do Papai Noel a todas as crianças. As crianças se perguntam como o Papai Noel sabe o que todos querem de presente, pois elas aprendem que as pessoas não podem adivinhar os pensamentos das outras pessoas o que nós, psicólogos, chamamos de “Teoria da Mente”. Em síntese, a Teoria da Mente é a capacidade que as crianças desenvolvem de compreender seus próprios estados mentais e os dos outros e, dessa maneira, predizerem suas ações ou comportamentos.
As crianças começam a desenvolver a Teoria da Mente, por volta dos 2 aos 4 anos (existem controvérsias) e isso possibilita que elas entendam que os outros têm uma mente como elas, mas que essas mentes são diferentes (elas não estão ligadas, o que eu penso não é diretamente compartilhado com o outro e vice e versa). É importante saber que  as crianças são mais inteligentes do que se possa pensar e essas perguntas que elas fazem sobre a existência de papai Noel, Fada do Dente estão calcadas em suas desconfianças com base no que elas aprenderam da realidade. Isso significa que mentir que Papai Noel existe, ou que a Fada do Dente vai deixar um presente talvez não seja a melhor alternativa por muito tempo para responder as crianças.
Bom, então como e quando devemos contar as crianças “a verdade”, a resposta é não há um consenso na ciência Psicólogica. No entanto, a opinião de muitos é de que se deve alimentar sim a fantasia, a criatividade das crianças, mas que quando elas começarem a buscar as respostas é preciso devolver as perguntas a elas e ver o que elas já sabem sobre esse assunto. Conte aos poucos a verdade de acordo com o que seu filho ou sua filha já souberem. Não precisa contar tudo de uma vez, mas pode contar aos poucos que embora Papai Noel não exista é a ideia de ajudar as outras pessoas, da solidariedade, do amor ao próximo, da alegria que fazem parte do Natal que são importantes. Assim como, é importante falar que a Fada do Dente traz um presento ou dinheiro para que as crianças saibam que tirar o dente é necessário e não deve ser visto como um mal. Pode causar um pouquinho de dor, mas é importante, além do que a dor é passageira.
Se você acha que isso pode ser cruel com seu filho (acabar com a infância), pense novamente, pois muito provavelmente seu filho já sabe a verdade e às vezes ele também só está querendo testar se pode confiar em você. Pense, porque você mesmo diz que bicho papão, “monstro de baixo da cama” e “velho do saco” não existem, mas o Papai Noel, coelhinho da páscoa e a Fada do Dente existem, qual a diferença entre esses seres fantasiosos? O ideal é contar sempre o necessário, somente o necessário. Devolver a pergunta pra criança é uma ótima tática. Ao passo que teu filho te faz uma pergunta, responda ao ele:  “O que vc acha?”
Nada impede que uma criança acredite até uns 6 ou 8 anos em Papai Noel, não precisa contar “toda a verdade imediatamente”, mas se seu filho não quer mais acreditar em Papai Noel, ou na Fada do Dente então responda suas dúvidas, seja sincero. Não querer mais acreditar em Papai Noel ou na Fada não é tão ruim assim, significa que seu filho está se desenvolvendo, crescendo. O importante não é só a fantasia, mas também o espírito, os sentimentos e intenções de ajudar ao próximo que seu filho deve manter. E é claro, como o pensamento mágico faz parte de nossa constituição, nós sempre podemos acreditar lá no fundo que Papai Noel existe.

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