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O sentimento é de coração apertado frente a tantas mortes. Tantas pessoas com tantos sonhos, tantas pessoas perdendo seus entes queridos, tantas mortes, e tantas coisas acontecendo, que é difícil lidar com tudo isso.

Para saber o que realmente estamos sentindo precisamos entender que o luto é o processo de elaboração de perdas significativas, seja de pessoas, lugares ou situações. E muitas pessoas estão tendo perdas nesse momento, seja de uma situação financeira, seja de uma pessoa querida, seja da liberdade e tranquilidade de ir e vir. Envolve a perda daquilo que estávamos acostumados, perda dos nossos encontros e abraços.

Porém, nem sempre a perda é nossa. Ás vezes sofremos com tragédias que não implicam em perdas diretas para nós. Muitas pessoas morrem ao mesmo tempo e isso gera muitas emoções, e as emoções são contagiosas, servindo até de alento, e quem sabe, diminuição do sofrimento. Isso é o que acontece como por exemplo, a tragédia da boate Kiss, o acidente da Chapecoense, Brumadinho, entre tantos outros desastres, enchentes e acidentes.

O que se sabe é que cada um sente de uma forma individual, e que estas situações de grandes proporções nos colocam em contato direto com nossas fragilidades, nossa finitude, e a certeza de que a vida é um sopro. É difícil definir isso, mas poderíamos pensar numa comoção geral, um misto de emoções acontecendo juntas, em alta intensidade, denotando nosso medo, fragilidade, fraqueza e impotência. “E se fosse comigo?”, “Eu não suportaria”. O luto e a comoção podem acontecer juntos, e a comoção pode levar ao luto.

A empatia é o que nos leva a sofrer com a dor do outro, e os que não sofrem com a dor do outro, provavelmente têm dificuldade de acessar a própria dor, e negam a dor do outro e a sua.

Não sabemos como será o mundo pós pandemia, ninguém sabe, e isso é coletivo. Não há muito o que se fazer, a aceitação ainda é o que melhor temos a fazer, aceitar que não prevemos as coisas, que não temos o controle sobre as coisas, e que nem tudo é da forma como queremos. Temos que agir naquilo que podemos agir, e eis algumas: ter fé, meditar, ouvir poucas notícias, fazer leituras, praticar exercícios, pegar sol, manter contato com as pessoas que fazem bem, se necessário procurar ajuda (atendimentos on-line), e acreditar que talvez o mundo que nos espera lá na frente, possa ser melhor.

 


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