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Vivências emocionais completas e com um forte sentimento de ajuste pessoal têm maior probabilidade de ser criadas, seja em ambientes terapêuticos ou na vida cotidiana, quanto maior for a presença destas três condições externas: demandas

sociais que incentivam as pessoas a lembrar de algo, encorajamento explícito para imaginar eventos e, também, estímulo para as pessoas não pensarem se suas construções são reais. Emergem dessas investigações alertas importantes  para todos aqueles que lidam com a memória humana, especialmente psicólogos e psiquiatras. Mesmo o mais experiente e qualificado clínico não tem muito a fazer para diferenciar um implante de uma memória verdadeira se não existirem dados que corroborem objetivamente as lembranças. Além disso, todo profissional de saúde mental precisa conhecer e limitar a poderosa influência exercida pelas situações onde a imaginação é usada como instrumento para relembrar o passado.  A memória depende não só dos registros armazenados, mas também das expectativas sobre as recordações e informações atuais, e técnicas sugestivas podem facilmente induzir implantes de falsas recordações. 

A corroboração de um evento por outra pessoa é uma técnica eficaz de promover implantes de memórias. Se outras pessoas alegam ter visto alguém agir de certo modo, isto pode levar algumas pessoas altamente sugestionáveis a admitir o fato que nunca ocorreu. Mais interessante: podem levar a pessoa a confessar, remoendo-se em sentimentos de culpa e relatando detalhes de sua participação (muitas vezes baseando-se em informações obtidas bem depois). Existem vários casos documentados pela justiça norte-americana de réus confessos condenados, cuja inocência foi demonstrada por evidência irrefutável anos mais tarde. Estes réus acreditavam em suas versões, mas admitiram terem sido sugestionados

e, algumas vezes, se deram conta de que imaginaram elementos, atordoados pelas pressões da acusação. Esse efeito foi bem ilustrado no brilhante experimento do psicólogo social Saul Kassin, desenhado para investigar as reações de indivíduos falsamente acusados de danificar um computador “apertando a tecla errada”. Os participantes no começo, negavam ter apertado a tecla, pois foram advertidos enfaticamente a não fazê-lo sob pena de estragar a máquina. No entanto, o quadro mudava quando um experimentador disfarçado de participante, que fingia fazer a mesma tarefa em um computador ao lado, afirmava ter visto a pessoa apertando a tecla errada. Muitos sujeitos inocentes chegaram ao ponto de assinar uma confissão por escrito, demonstrando vários indicadores de internalização da culpa pelo ato. No entanto, o que é realmente fascinante é que os sujeitos confabularam detalhes que eram consistentes com a crença falsa de ter apertado a tecla errada. O trabalho de pesquisadores como Loftus, Hyman e Kassin, entre outros, lança luz em questões cruciais na gênese de falsas memórias, ao investigar como as sugestões recebidas das outras pessoas se combinam com as memórias reais na mente humana. As evidências acumuladas lançam sérias dúvidas sobre a autenticidade e a fidedignidade de lembranças longínquas da infância, especialmente em se tratando de eventos traumáticos que condizem com as expectativas teóricas de um psicoterapeuta e, muitas vezes, dos pacientes.


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