Nos dias de hoje, a morte ainda é vista como um tabu, cercada de mistérios e de crenças, e as pessoas, frequentemente, não se encontram preparadas para lidar com a finitude humana. Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de uma pessoa, acarretando, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, nos funcionamentos emocionais e cognitivos. Neste momento, os enlutados poderão recorrer a um psicólogo, e este tende a priorizar o acolhimento e a escuta ao paciente. Com o trágico ocorrido esta semana em Santa Maria, muito tem se falado em morte, morrer, luto, e questões avassaladoras nos assombram: E se eues tivesse lá? E se meu filho estivesse lá? O que eu faria? De quem é a culpa? Independente das perguntas, quase sempre sem respostas, o que fica de tudo isso é a dor de amigos e familiares enlutados com a perda, a indignação frente a possíveis culpados e a dúvida de como agir daqui pra frente. Os culpados? Quem são? Bem, independente de quem seja a responsabilidade, algo é certo,a dor está aí, o luto é claro, o sofrimento a cada dia aumenta, em que pese o fato de que a ‘ficha cai’ e realmente se conclui, que infelizmente tudo que ocorrera fora verdade. Cada pessoa reage ao luto de uma forma diferente. Nos casos de mortes repentinas, mais difícil fica, porque não há tempo hábil pra se preparar para tal. O ser humano, normalmente não tem preparo pra lidar com a morte, mas nestes casos a dor se intensifica, e vem a famosa questão: POR QUE? O filho era tão jovem, tinha uma vida pela frente, por que permitiram a saída dele, ou ainda, nem sequer sabiam que ele havia saído. No caso da tragédia em Santa Maria muitos familiares nem sequer quiseram reconhecer os filhos, tamanho pânico tal situação causa. Porém, o ser humano precisa do concreto, é como ser fizesse parte do ritual de despedida, e o fato de não ver, acaba muitas vezes alongando este processo. Neste momento tem que se lançar mão de recursos que possam lhe dar suporte. Nem sempre as pessoas conseguem lidar numa boa, e não muito raro, o estresse pós-traumático se instala, ou seja, reações físicas e emocionais frente a um evento altamente estressor. Muitas vezes demora-se em procurar ou sentir necessidade de tratamento, mas na maioria dos casos o apoio psicológico é necessário desde os primeiros dias após o acontecimento, de modo a evitar sequelas emocionais graves, o que acaba causando um luto prolongado muitas vezes por anos, o que impede que a vida seja levada de forma saudável e habitual. Verificar sentimentos e pensamentos despertados pela tragédia é fundamental para que se possa trabalhar com eles e descobrir formas mais adequadas de se lidar com a situação.
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