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Ao observar situações escolares que vem acontecendo, muito há que se pensar sobre esta relação tão importante e fundamental para a vida das crianças.

A relação pouco amistosa entre os pais e escolas chegou a um ponto insustentável. Nas mais diferentes regiões do país, professores, coordenadores, orientadores e diretores escolares, principalmente das privadas, estão com receio das reações dos pais a seu trabalho  no espaço escolar. Por sua vez, os pais estão em estado de alerta a respeito da atuação da escola que escolheram para seus filhos. Esta é uma situação complexa e bastante delicada, dados os seus efeitos sobre a educação de crianças e jovens.

Conforme Rosely Sayão, nos últimos 40 anos, pais e escolas têm procurado uma aproximação cada vez maior. O objetivo? Uma vida escolar mais produtiva. Ocorre que, nesse mesmo tempo, o mundo mudou muito (o estilo de vida, a família, a concepção da educação escolar) e as primeiras intenções desse convívio mais próximo entre pais e professores foi por água abaixo. A chamada parceria entre pais e escola transformou-se em rivalidade, desconfiança e acusações mútuas,  e o que temos hoje é um relacionamento hostil e até agressivo. É claro que é preciso considerar que isso diz respeito à maneira geral como essa relação ocorre.

O fato é que essa relação tão próxima confundiu pais e educadores. A escola, pouco a pouco,  assumiu um perfil quase familiar, e os pais, pouco a pouco, se colocaram no papel de auxiliares do ensino escolar.

Paralelamente a esse processo, ocorreu um fenômeno social importante: a educação escolar passou para a lista de bens de consumo e, nesse caminho, os pais dos alunos passaram a ser tratados e a se reconhecerem como consumidores ou clientes. E aí a coisa ficou feia. Quem compra um produto quer ficar satisfeito e quer ter razão.

No cotidiano escolar, isso toma a forma de constantes pedidos e exigências dos pais, tais como mudanças de turma, atrasos justificados, lições mais ou menos extensas, atenções especiais, discordâncias relativas a metodologias, etc. Chegamos ao cúmulo de pais exigirem a demissão de profissionais que eles julgam incompetentes para o cargo que ocupam.

A escola não deixa por menos. Chama os pais para reclamar do comportamento de seus alunos, solicita o encaminhamento a tratamentos, aponta dificuldades familiares que prejudicam o aprendizado, queixa-se da falta de valores da família, etc. Chegamos ao ponto de professores julgarem os pais incompetentes para exercer sua função.

Como passa, a algum tempo, por uma crise séria, a escola de capital privado foi cedendo a muitos  pedidos dos pais na tentativa de manter seus alunos. E os pais, acolhidos inicialmente em suas demandas, muitas vezes totalmente despropositadas, dado o contexto escolar, foram elevando suas exigências e solicitações. E chegamos aonde estamos.

E agora? Agora, escola e pais precisam se dar uma trégua, já que temos constatado que esse tipo de relação não tem funcionado. Sabem por quê? Em primeiro lugar, quando o filho percebe que os pais não confiam na escola em que ele estuda, não se deixa educar pelos profissionais que lá trabalham. Quando ele se dá conta de que tem os pais por trás para protege-lo de aprender a viver como aluno, ele permanece no lugar de filho mesmo quando ele está na escola. Não aprende a se cuidar, a enfrentar situações difíceis nem a criar um jeito próprio de se relacionar com colegas e com adultos de fora da família.

Vida escolar significa também aprender a viver coletivamente, a enfrentar justiças e a , corajosamente, denunciá-las, a conviver com situações nem sempre agradáveis, a se frustrar por ser apenas mais um entre tantos.

Para isso, os pais precisam se afastar um pouco dos filhos quando a questão é a escola. As escolas falham? Sim, mas os pais podem apontar esses equívocos de outro modo. O mais importante é lembrar que a escola perfeita não existe. Afinal, ela é um representação do mundo.


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