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Para o psiquiatra americano Daniel Siegel, o comportamento rebelde, impulsivo e conflituoso da juventude é resultado da remodelação pela qual o cérebro passa nessa fase.

O psiquiatra americano Daniel Siegel, professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e diretor do centro de pesquisas Mindful Awareness, é incisivo ao afirmar que o comportamento adolescente não é um efeito da emergência da personalidade ou da invasão hormonal do período. Para ele, que estuda as transformações da mente adolescente há pouco mais de duas décadas, a remodelação por que o cérebro passa entre os doze e os 24 anos é a principal responsável pelas atitudes impulsivas, rebeldes ou depressivas dos adolescentes. Queda na produção dos neurônios ou o aumento da atividade do circuito de recompensa seriam a explicação para os conflitos e questionamentos da fase. Segundo ele, precisa-se mudar a maneira de enxergar a adolescência. Ela não é um período de loucura ou imaturidade. É a essência de quem deveremos ser, do que somos capazes e do que precisamos como indivíduos.

É verdade que os hormônios estão em ebulição na puberdade. Nos garotos, por exemplo, a elevação da testosterona os torna mais agressivos. No entanto, o segredo para explicar o comportamento adolescente é outro: toda essa flutuação hormonal provoca mudanças no circuito cerebral de recompensas.

Durante a adolescência há um crescimento do circuito cerebral que utiliza a dopamina, um neurotransmissor que nos faz buscar prazer e recompensa. Ele começa no início da adolescência e chega ao seu auge na metade dela, levando os adolescentes a buscar emoções e sensações intensas. Esse aumento natural da dopamina pode dar aos adolescentes um poderoso sentimento de estarem vivos quando estão envolvidos em atividades novas e estimulantes. E também levá-los a focar apenas nas sensações positivas, não dando valor aos riscos e perigos.

Além disso, a maior quantidade desse neurotransmissor leva à tendência maior aos vícios: todos os comportamentos e substâncias viciantes incluem a produção de dopamina. Como os adolescentes estão propensos a novas experiências, eles também respondem com uma carga maior de dopamina, o que pode levar a um forte círculo vicioso. Um terceiro comportamento gerado pela remodelação cerebral é a super-racionalidade. Ela é a capacidade de pensar apenas em termos literais, concretos, sem olhar para o contexto. Com esse tipo de pensamento, o jovem pode ser levado a considerar apenas os benefícios de suas ações e não pensar no lado negativo

Todas essas atitudes geradas pelas mudanças cerebrais – impulsividade, rebeldia, intensidade – são necessárias para que os jovens saiam de seu círculo familiar e conheçam o mundo. Dão a coragem necessária para mudar, partir e inspiram os adolescentes a procurar novidades. Afinal, a casa é confortável e previsível, enquanto o mundo está cheio de armadilhas e surpresas. Há uma visão evolutiva que afirma que, se os jovens não saíssem de casa e deixassem seu grupo, nossa espécie teria muita chance de se reproduzir entre si, o que seria geneticamente prejudicial às próximas gerações. Nossa sobrevivência individual e social depende dessa coragem dos mais novos.

Interessante estas colocações no sentido de que, muito se fala sobre a adolescência e suas mudanças, como se o adolescente escolhesse os comportamentos de ficar trancado no quarto, de agir sem pensar em suas consequências e de sempre querer estar certo. Além de a psicologia chamar essa etapa de “síndrome normal da adolescência” podemos pensar também que há grandes mudanças cerebrais ocorrendo, que também podem estar associadas a toda essa transformação.

Baseado no exposto e já postado anteriormente, pode-se pensar em orientações diferentes para os adolescentes em tempos de quarentena! Muito se fala sobre dicas para as crianças, o que se fazer com as crianças em tempos de quarentena, no entanto, os adolescentes requerem outros tipos de atividades.

Por si só, neste período todos estamos mais conectados e ligados a estratégias virtuais para trabalhar e nos conectar com as pessoas, e isto já é um contínuo na vida dos adolescentes. Uma das maiores discussões com pais de adolescentes é sobre o tempo na internet. No entanto, neste período o uso será maior, visto que até as aulas serão online. Um primeiro passo, é aceitar que neste momento as telas serão de grande valia, será por um período, e depois haverá restrições novamente.

É importante destacar a importância da rotina, intercalando com momentos entre afazeres e lazer. Na hora de assistir a aula estará na tela, após isso passar cerca de duas horas com atividades de outra ordem, como por exemplo: arrumar algo em casa, recolher os lixos, lavar louça. Vejam que são atividades mais físicas com pouca exigência da cognição.

Outro momento pode ser a leitura, deve-se estimular a leitura de livros diversos adequados à idade, pode ser revistas, textos informativos e afins.

Em outro momento, há que ser ter o momento de realizar as tarefas da escola.

E por fim, o lazer na internet que a criança está habituada no seu dia a dia, aquilo que já faz parte do seu cotidiano.

Se for possível solicitar atividades ao ar livre, tipo sacadas, quintal, e pode ser, tomar um sol, pular corda, jogar bola, o que for possível de ser fazer o ar livre.

Intercalando estes momentos, o adolescente terá uma rotina, intercalará momentos virtuais com não virtuais.

Obviamente não é uma tarefa fácil, mas com uma boa conversa e através do modelo que os pais passam, podem se fazer combinados eficientes. Outro ponto importante é fazer o adolescente entender que é um momento de incertezas, os pais também estão passando por isso e não sabem exatamente o que dizer. Em se tratando de adolescentes eles não precisam ser poupados, eles precisam entender que momentos difíceis fazem parte da vida, precisam entender que nem os pais sabem direito sobre o dia de amanhã, precisam entender que os pais têm seus momentos, mas que de alguma forma também precisam trabalhar em home office, ou até mesmo, pensar em alternativas ou estratégias a se utilizar.

Não é necessário ser para o filho uma força máxima, uma rocha que não cai nunca, ninguém é assim, e os adolescentes têm condições de entender que seus pais ou até irmãos mais velhos, também fraquejam, justamente por serem humanos, e que o modelo que eles tenham seja justamente esse, de pessoas que fraquejam e nem por isso perdem seu valor ou deixam de ser especiais.

Irritação, tristeza, apreensão e choro fazem parte da vida e se não temos controle sobre o que iremos passar, que tenhamos e ensinemos os filhos que podemos fazer a nossa parte, que podemos nos cuidar, e que o que está sobre nosso controle é manter e nutrir os bons pensamentos e a máxima de que tudo sempre passa.

 

Fonte: veja.abril.com.br/ciencia/o-cerebroadolescente/

Imagem: <a href=”https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/flor”>Flor foto criado por kbza – br.freepik.com</a>


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