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A Academia Americana de Pediatria recomenda que seus profissionais receitem brincadeiras diárias a todas as crianças- brincadeira mesmo, como as de antigamente.

Segundo uma reportagem da revista Veja, era uma vez crianças que pararam de pular corda, de virar-se contra a parede no esconde-esconde e de passar o anel. Pais já não sabem, ou não querem tirar os filhos do magnetismo incontornável e conveniente dos aplicativos. Era uma vez uma sociedade que esqueceu como se brinca sem estar conectada em onipresentes redes wi-fi. Porém, estudos estão mostrando que o brincar tradicional ainda é o melhor remédio.

As práticas indicadas passam longe dos dispositivos eletrônicos, nas quais meninas e meninos se envolvem espontânea e ativamente. O propósito é estimular o desenvolvimento mental e social das crianças.

São 4 tipos de brincadeiras necessárias:

  1. Manuseio de objetos: ótimo para desenvolver coordenação motora, pensamento abstrato e capacidade de comunicação;
  2. Faz de conta: ensina a negociar regras e desenvolve habilidades do funcionamento executivo (planejamento e resolução de problemas);
  3. Atividade locomotora: habilidade e inteligência emocional;
  4. Brincadeiras ao ar livre: reforçam amizades, desenvolvem o conhecimento social e linguístico e ajudam  a controlar impulsos individuais.

As brincadeiras estimulam mecanismos no organismo infantil de uma maneira que nenhum outro tipo de atividade é capaz de fazer. Evidentemente, telas eletrônicas podem ser úteis, e não são tempo perdido, mas nada substitui   a diversão, que no decorrer da civilização, aprendemos a gostar de praticar e ver. Brincar estimula todos os sentidos, e quem quer brincar não quer chegar a lugar algum, já chegou, conforme pontua Paulo Freire. Quanto maior o número de áreas ativadas no corpo da criança, melhor será a sua evolução.

O efeito das brincadeiras no desenvolvimento da criança ocorre durante toda a infância. Nos primeiros anos de vida, porém, ele é ainda maior. O cérebro infantil apresenta intensa plasticidade, em que as redes formadas pelas dezenas de bilhões de neurônios se modificam a partir de novas experiências. Nos três primeiros anos de vida, o órgão realiza mais conexões neurais do que na idade adulta, são 700 novas por segundo. A ação das brincadeiras nessa sinfonia cerebral altera as estruturas moleculares no organismo. Pesquisas apontam que o brincar refina a atividade do córtex pré-frontal, a região relacionada às características psicológicas e às funções executivas, aumentando a neurogênese – a formação dos neurônios – e a liberação dos neurotransmissores ligados ao bem-estar e prazer. Também é atalho contra o estresse.

Nos pré-escolares, crianças que brincam com os pares ou sozinhas, apresentam metade do nível de ansiedade daquelas que ouviram estórias dos professores passivamente. O problema é que as crianças brincam cada vez menos. Pesquisas realizadas revelam que o tempo livre da criança diminuiu 25%. Apenas 50% delas saem para brincar ou passear. E quando ficam em casa, é 100% garantido o que andam fazendo, passam 4,5 horas em frente a algum dispositivo eletrônico – pelo menos o dobro do tempo considerado saudável.

Não que seja proibido, mas tem que se evitar o exagero.  A falta de interação física com outra pessoa é o grande ponto negativo na diversão com smartphones e tablets. Eles são um convite à passividade, à falta de traquejo social. Brincadeiras de criança não devem ser vistas como coisa do passado.

E aqui fica a reflexão: a tecnologia está aí e não temos como retroceder, porém, deve ser usado a nosso favor, e com equilíbrio. Não podemos perder a humanidade, o contato físico, o olho no olho. Estes são diferenciais que nos permitem nos desenvolver como seres humanos, e não tem tecnologia que substitua isso. Vale pensar!


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