Muitos perguntam por que as consultas de Psicologia não são confirmadas, e eu faço uma pequena analogia. Compromissos semanais são lembrados? Aulas de inglês, cursos de crochê, aulas de pilates são lembrados? A mesma lógica segue um profissional da Psicologia. Não são horários com frequências esporádicas! Cada profissão tem as suas peculiaridades e a Psicologia não é diferente!
A contar que estamos avaliando nosso paciente desde o momento em que ele entra em nosso consultório: onde ele se senta, sua postura, gestos, expressões, horário que chega ao consultório, o comparecimento ou não às consultas também nos emite informações importantes. É comprovado pela experiência, que os pacientes que se lembram de suas consultas espontaneamente terão resultados melhores e mais rápidos no tratamento, se comparados aos pacientes que sempre ou porventura, esquecem. Os esquecimentos casuais após um tempo de tratamento nos informa que o paciente já se sente melhor e não vê a necessidade de continuar frequentando as sessões com tanta frequência, porém, não apresenta a habilidade de expor o que pensa e conversar com o psicoterapeuta. Ou ainda, que chegou num ponto da Psicoterapia que não esta preparado para trabalhar determinados conteúdos. Os esquecimentos em início de tratamento denotam que o paciente não esta muito interessado em seguir Psicoterapia, e sendo lembrados ou não, vão acabar desistindo, ou até mesmo faltando.
Outra questão importante trata-se do fato de que profissionais que acabam confirmando suas consultas com o paciente, para evitar “levar bolo” ainda assim correm o risco de “ficarem esperando”, mesmo que o paciente tenha confirmado a presença, ou seja, mais uma vez, o paciente dá indicativos comportamentais para que possamos avalia-lo. Se não confirma, o paciente falta, e se confirma, ele também falta. Onde esta o erro? Com certeza não é na metodologia do profissional. Para tanto, em casos de faltas não justificadas e sem prévio aviso, cabe ao profissional conversar com o paciente, a fim de entender o que esta acontecendo. Se o paciente não esta preparado para trabalhar determinados conteúdos, às vezes, é melhor repensar a continuidade do processo psicoterapêutico, ou mudar o enfoque. Se é porque ele se sente melhor, cabe ao profissional dar o seu parecer concordando ou não, podendo sugerir uma redução na frequência das sessões, com manutenção do tratamento a posteriori.
Percebe-se, deste modo, que a maneira como o paciente se comporta frente aos horários das consultas, reflete muito sobre ele. Para tanto, ligar para confirmar uma consulta faz com que o profissional perca uma importante fonte de informações sobre o mesmo.
É diferente de consultas com médicos, dentistas e áreas afins, os quais normalmente lembram o paciente de seus horários, visto que, além de não serem consultas semanais, o motivo da procura em geral, é devido à dor física, procedimentos estéticos, ou exames. No entanto, no caso da Psicologia, o motivo que os conduz ao tratamento, geralmente não é dor física, nem estética, e nem visível, contudo, deve-se ter uma motivação interna grande para tocar em algumas “feridas” e assuntos difíceis. Esta motivação cabe ao paciente, e o levará ao compromisso e à responsabilidade. Há pacientes que esperam a semana toda para consultarem um psicólogo justamente para entrarem nesse processo de autoconhecimento e aprenderem a lidar com situações adversas. Estes vem por conta própria, por outro lado, o paciente que precisa ser lembrado, fica a dúvida se ele vem porque quer, ou porque esta sendo chamado. Aí cabe a nós, profissionais, decidir se vale a pena insistir e ficar buscando esse paciente, mesmo sabendo que os resultados desse processo não serão tão bons, quanto seriam, se o próprio paciente se responsabilizasse por sua Psicoterapia.