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O sentimento da paixão sempre foi tratado como algo impossível até proibido nos romances históricos. O amor viria com a convivência do casal, se viesse.  Ninguém de bom senso apostaria seu futuro num sentimeto de existência tão breve como a paixão. O resultado é que os brasileiros continuam se casando, mas se separam cada vez mais, e apaixonam-se e casam-se novamente com muita rapidez.  O fato é que após os 4 anos a paixão se transforma em amor (quando o casal se dedica, gosta da companhia um do outro e faz dela o estopim pra fazer valer o relacionamento), em ódio (quando o casal termina e não pode mais nem se ver) ou amizade (quando existe a confusão de sentimentos, e não se sabe discernir se é amor realmente ou se é amizade o que acaba se cofundindo devido ao carinho que se nutre um pelo outro).

Tenho atendido no meu consultório vários pacientes insatisfeitos com seus relacionamentos, expressando-se da seguinte forma: “Não quero me separar, mas sempre fico esperando que algo melhor apareça”, “Gosto mas não é amor”, “Estou com ele (a) porque ele(a) é meu porto seguro, estou na minha zona de conforto”, “A companhia dele(a) é boa mas não me sinto feliz e realizado (a)”, “Tenho que ficar com quem gosta de mim, mesmo que eu não goste tanto”. E agora? O que fazer diante de tais dizeres?  O caso é que as pessoas estão cada vez mais voltadas para o que lhes é conveniente, e abrem mão da tão falada felicidade. Não querem correr riscos, se contentam com pouco, tem medo e quando se deparam com a realidade de que passou uma vida em que não se realizaram completamente como pessoas, vem um sofrimento avassalador, que muitas vezes não se resume a sofrer apenas, e sim, fazer os outros sofrer, desenvolver dermatites, úlceras, gastrites, pela enorme vontade de ser algo que não se é.

Aí vem aquelas pessoas que me falam: “O grande amor da minha vida eu deixei passar”, “Optei pelo que era mais cômodo”, “Hoje sofro com isso”….enfim uma série de pessoas enclausuradas hoje em relacionamentos, mas ainda ligadas a um relacionamento do passado, pensando naquele ou naquela que os fizeram se sentir vivos. Comodismo ou felicidade? O que verdadeiramente se busca? Em busca de uma vida segura, muitos abrem mão da felicidade.

A gente demora a compreender algumas coisas. A gente demora a se adaptar a uma nova realidade. Tendemos a nos prender ao passado, mantemos determinadas situações apenas por medo da mudança. O comodismo é compreensível, porque são tantos os traumas ao longo da vida, que nos conformamos com as situações teoricamente estáveis.

É difícil mudar isso, é difícil recomeçar, deixar para trás, esquecer, ignorar. Mas o recomeço pode lhe trazer novas perspectivas. E, por isso, não desperdice a oportunidade de pelo menos pensar sobre a possibilidade de dar um novo rumo a sua vida, de mudar a direção.

Muitas vezes nos acomodamos sem nem mesmo perceber. O tempo é cruel, ele passa, não importa o que aconteça. Dia a dia ele continuará se arrastando e te arrastando junto com ele, ainda que você implore para que ele te conceda um pouco mais de tempo.

O comodismo pode se instalar em diversos setores de sua vida, tanto no lado pessoal quanto no profissional, e se caracteriza, muitas vezes, pela atitude mecânica que começamos a impor para cumprir determinadas rotinas. Deixamos de pensar, de analisar, de construir e ligamos o piloto automático.

No dicionário, o comodismo está ligado ao egoísmo, à atitude de cuidar apenas de si. No nosso cotidiano, demos um novo sentido a ele, mais voltado à atitude de aquietar-se, de se conformar com uma situação pelo simples receio da mudança. Costumamos resistir às mudanças, e esta resistência se transforma em um obstáculo à adaptação à nova realidade.

Alguns psicólogos explicam que as novas rotinas exigem uma re-estruturação da função cerebral. Como nosso cérebro costuma fazer as coisas do mesmo jeito sempre, a novidade exige dele a criação de um novo padrão funcional. É trabalhoso, claro, despende energia.

O comodismo muitas vezes reflete o ter uma situação estável e ser infeliz nesta situação. Aqui a infelicidade não precisa ser necessariamente exaustiva ou crônica. Pode ser apenas sistemática, por exemplo: pode ser aquela infelicidade vislumbrada simplesmente porque não estamos felizes e realizados dentro daquele contexto.

Daí que nos acostumados a viver a vida daquele jeito. Não é uma infelicidade que imprescindivelmente traz lágrimas aos olhos, mas pode ser aquela que não leva o riso à boca. É o não estar plenamente feliz e aceitar passivamente esta condição. É a tal da zona de conforto ocupando espaço em nossas vidas.

A inquietação é essencial, os questionamentos idem. E a felicidade, meninos e meninas, a felicidade deve ser inalienável, direito fundamental de todo cidadão. E é pela busca deste estado de espírito que precisamos nos mexer mais, lutar mais e acreditar nas possibilidades.

Às vezes precisamos perceber melhor a tal zona de conforto. Talvez ela não seja tão confortável assim, e você esteja apenas com medo do que te espera lá fora. Tudo bem se você chegar à conclusão que prefere que seja assim. O importante é ter a iniciativa de pensar sobre isso a ponto de ter a chance de fazer uma opção, qualquer que seja ela. E além disso saber as consequências….optar pelo comodismo te dá a sensação de que você esta no controle, que as coisas fluem e que sua vida é segura, porém, ser feliz te faz sentir as “borboletas no estômago”, você se sente vivo, ativo, participativo, talvez não tão seguro, mas com aquela sensação de que a vida não está simplesmente passando. Viver no comodismo na maior parte das vezes se resume a você viver bem com um amigo(a), e como fora colocado no início do texto, é muito fácil confundir estes sentimentos. Você acaba tendo uma relação marital com um amigo(a) porque gosta dele(a), mas é uma relação fadada a sofrimentos por se saber que não se é pleno.

Na dúvida procure um psicólogo, pra te ajudar a descobrir qual a prioridade em sua vida? Ser feliz? Ou estar na zona de conforto?


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